12.17.2010

capitulo 3. ☮


# joão:
eu: já que falam nisso, que curso estão a seguir ?
alex: representação – sorriu – e a minha irmã, fotografia.
catarina: isso mesmo, e tu patrícia ?
patrícia: psicologia.

o alexandre imediatamente olhou corado para a patrícia e disse:

alex: sempre me interessei por essa área – mostrou um sorriso – tens muita sorte por conseguires entrar.
patrícia: á, sabes como é – gabou-se – a minha média de dezanove é assim.
alex: dezanove ? uau, estou impressionado.
eu: ey, rapaz inteligente aqui – senti-me ignorado, tinha que falar.
catarina: hahaha – riu-se – qual é a tua média ?
eu: 14 – baixei a cabeça devagar, e falei lentamente.

de imediato, todos de riram. A verdade é que eu não era muito inteligente; a minha vida derivava da música, guitarra, londres, e namorar, logo, estudar não era muito preciso para alguém como eu, não ?

eu: ey, não têm piada – cruzei os braços – que média têm vocês ?
catarina: dezoito.
alex: dezanove.
patrícia: dezanove – impressionou-se – uau, parece que quem ficou impressionada fui eu .
catarina: é, o meu irmão é muito dado para a inteligência – gabou-se.
admito que fiquei com um bocado de inveja; não gosto muito de estudar, aliás, acho que nunca o fiz. vim para londres, porque em portugal não havia muitas escolas de música profissionais.
não segui música por se fácil, ou não ser preciso estudar muito, segui porque gostava mesmo daquilo, gostava de pegar numa guitarra, e fazer vibrar as suas cordas. gostava que as palavras de uma nova música saíssem lentamente, á medida que tocava piano. música sempre foi o meu sonho desde criança.

eu: mas bem, tenho que ir fazer os trabalhos de casa – remexi no cabelo, lentamente.
catarina: se precisares de ajuda, diz – fez um careta.
eu: se precisar, eu chamo-te ao meu quarto, sim ? – disse, num tom irónico.
catarina: haha, oquei, oquei.
patrícia: e nós vamos para a sala ? – olhou para o alexandre.
alex: por mim, tudo bem – sorriu timidamente para a patrícia – desde que esteja contigo.

ela corou em milésimos segundos, e quase que nem conseguia falar:

patrícia: ó bo…bo…ao – respirou fundo – vamos lá.
eu: vão lá, eu daqui a pouco já vou ai ter.
catarina: até logo – sorriu para mim.
eu: até logo – mordi o lábio.
dirigi-me ao meu quarto. fui buscar a minha guitarra e umas quantas folhas, e subi para a parte de cima do beliche.
o meu trabalho para o fim-de-semana era compor uma música, seja ela de qualquer estilo, para na segunda-feira cantá-la a toda a turma. eu sempre me saí bem na parte de compor, eu adorava escrever e exprimir os meus sentimentos através duma melodia sentimental e calma.
as palavras costumavam sair-me pela boca, quando tocava. não havia um dia em que não me ouvissem a cantarolar uma música nova aos meus ouvidos.
eu era um dos melhores na minha turma. tenho uma voz rouca, que pode não ser a mais indicada para cantar alguns estilos da actualidade, mas sempre cantei e sempre me esforcei para alcançar os meus objectivos.

eu: nã, nã, nã … - não estava a conseguir nada – nã, nã, nãaada.

o tempo passava, e eu ainda não tinha conseguido nenhuma música. Vinha-me palavras á cabeça, mas nada que se enquadrasse na melodia que eu pretendia. Estava a ficar desesperado, e ainda só tinha conseguido isto:

“ the city of angels is lonely tonight
 keep myself alive by candlelight
 say she can't love you like i do
 look me in the eyes and say it's true
 i ask myself, is this love at all ? “
já tinham passado duas horas, e eu ainda não tinha nada. sim, surgiam-me algumas ideias, mas nada de especial como eu gostava .
era domingo, e eu tinha que a entregar no dia seguinte. era como um teste, servia para avaliar as minhas capacidades de composição. eu naquele momento estava a ter uma branca, até que ouvi alguém a entrar no meu quarto. debrucei-me sobre a cama e espreitei.
era a catarina, a irmã do alex.

eu: ey – sorri .
catarina: então? – retribui o sorriso – como vai isso ?
eu: mal, péssimo, mal.
catarina: então sempre precisas de ajuda – piscou-me o olho, e subiu para o beliche.
eu: se com a ajuda queres dizer uma música, então sim – sorri timidamente.
catarina: diz lá o que já tens .

cantei-lhe o que já tinha e o que não tinha. amostrei-lhe as notas, e a letra.
ela apenas abanava a cabeça, e sorria quando eu olhava para ela.
# patrícia:
o joão deve-se ter lembrado de alguma coisa, porque fez logo um trejeito de animação.

joão: por falar nisso, que curso é que estão a seguir? – perguntou.
alex: eu estou a seguir representação – sorriu – e a minha irmã, fotografia.
catarina: isso mesmo, e tu patrícia?
eu: psicologia. – sorri timidamente.

o alexandre corou. uau, ele corou mesmo, não podia ter sido impressão minha, olhei para os outros, e eles também tinham reparado, será que ele tinha corado mesmo? parecia que com aquela tonalidade rosada nas faces ainda parecia mais bonito.

alex: bem, é que eu sempre me interessei por essa área – disse ele timidamente – tens mesmo muita sorte em conseguir entrar.
eu: bem, com a minha nota, consegui. - gabei-me um bocadinho - com um dezanove entrei logo.
alex: dezanove? uau, estou impressionado. – sorriu-me.
joão: ey, rapaz inteligente aqui. – parece que o meu irmão se tinha sentido um pouco ignorado.
catarina: haha, qual é a tua média?
joão: 14. – falou ele devagar enquanto baixava lentamente a cabeça.

 todos nos rimos. a verdade, é que ele estudava música, e eu achava que ele não precisava de estudar as outras coisas, quer dizer, eu não percebia tão bem de música como o joão, mas ás vezes eu ajudava-o a compor músicas, mas mesmo assim, acho que não era preciso estudar.

joão: ey, não tem piada. – ele cruzou os braços. – que média têm vocês?
catarina: dezoito. – respondeu continuadamente a catarina.
alex: dezanove. – concluiu o alexandre.
eu: dezanove? uau, parece que quem ficou impressionada fui eu. – bem, ele era inteligente, muito.
catarina: é, o meu irmão é dado para a inteligência. – gabou-se.

sorri-lhe. senti o olhar do joão nas minhas costas. sim, ele estava com um bocadinho de inveja. ele não precisava de uma média muito alta para entrar numa escola de música, bastava-lhe saber cantar. e ele sabia. melhor do que ninguém, aliás. eu amava quando ele cantava acompanhado do piano, por vezes vivia só para aqueles momentos em que ele cantava para mim. e eu ficava mesmo muito feliz por ele ter um sorriso nos lábios enquanto tocava. ele era o melhor da turma. uma vez, cerca de dois meses depois de termos chegado a londres, o professor dele mandou-lhe um convite para ir cantar ao anfiteatro. deve ter sido um dos dias mais felizes da vida dele (e dos mais nervosos)

joão: bem, eu tenho que ir fazer trabalhos de casa. – disse-me ele, enquanto remexia no cabelo.
catarina: se precisares de ajuda, diz. – exclamou prontamente a catarina, enquanto fazia uma careta.
joão: sim, se precisar eu chamo-te ao meu quarto, sim? – disse ele num tom irónico.
catarina: haha, oquei, oquei. – riu-se ela.
patrícia: bem, e nós vamos para a sala? – perguntei enquanto olhava para o alexandre.
alex: sim, vamos. – sorriu-me timidamente. – desde que esteja contigo.

 meu deus! eu juro que o meu mundo caiu-me aos pés. eu devo ter ficado vermelha, mesmo muito, muito vermelha. por dentro eu estava a gritar, a pinchar, a fazer o pino. não cabia em mim de felicidade. ele disse mesmo aquilo. ele disse que queria estar comigo. tinha que lhe dar uma resposta, não era? mas eu acho que não conseguia falar.

eu: á bo…o…ao. – respirei fundo. – vamos lá.
joão: vão lá, eu daqui a pouco já vou aí ter. – disse mecanicamente o joão.
catarina: até logo. – sorriu a catarina.
joão: sim, há, até logo. – mordeu o lábio.

o joão dirigiu-se ao quarto e eu rapidamente ouvi um acorde.

eu: bem, vamos? o que é que vão querer jantar? – perguntei-lhes - agora estou sozinha, já não tenho o joão para me ajudar.

eles olharam para mim surpreendidos.

catarina: tu, tu sabes cozinhar? – gaguejou.
eu: bem, não sou nenhuma chefe de culinária, mas eu e o joão conseguimos sobreviver com aquilo que eu cozinho. – respondi-lhe.
catarina: uau, não sabia, eu e o alexandre apenas comia-mos hambúrgueres e pizzas. – disse-me ela envergonhada.
eu: haha, não se preocupem, eu não me importo de cozinhar para mais duas pessoas. – tinha que ser querida, não era verdade? sorri.
catarina: ó, obrigada. estás a ser muito querida. – a voz dela parecia uma melodia simples, hum tinha quase a certeza que o meu irmão tinha reparado neste pormenor.
alex: há, eu ajudo-te, hoje, se quiseres. – disse o alexandre timidamente.
eu: ó, é claro que sim, quantas mais pessoas, mais depressa comemos. – devo ter tropeçado em algumas palavras, porque a catarina lançou-me um olhar divertidíssimo.

ouvimos um acorde de uma guitarra seguida de uma voz perfeita. olha-mos todos para trás, todos me olharam com as caras espantadas quando eu deitei a cabeça para o lado e fechei os olhos. comecei a rir.

patrícia: eu adoro quando ele canta. – disse, e ri-me mais uma vez.

as caras deles eram de um espanto enorme, parece que nunca tinham ouvido alguém cantar na vida. voltei-me a rir com as expressões deles.

eu: catarina, não queres ir lá ajuda-lo? – perguntei-lhe discretamente.

ela quando percebeu aquilo que eu lhe tinha dito, sorriu e acenou com a cabeça, deitou um olhar ao alexandre, e saiu pela porta fora, deixando-me a mim e ao irmão sozinhos. quando nos olhamos, senti a temperatura subir. estávamos mais perto do que nunca. não conseguia-mos tirar os olhos um do outro. parecia que estávamos ligados simplesmente pelo olhar. eu não sei quanto tempo é que ficamos assim, deve ter sido quase uma hora, porque quando ouvi o relógio a tocar a anunciar que já eram 7 horas, eu dei um salto e comecei a correr para o fogão, colocando um avental que o alexandre me ajudou a apertar.

eu: obrigada. – olhei-lhe verdadeiramente nos olhos.
alex: de nada. – ele também me olhava, como se quisesse penetrar na minha mente.
eu: obrigada. – respondi apenas.

eu não devia dizer isto, mas estava mesmo a começar a gostar dele ! 
continua …

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