12.08.2010

capitulo 1. ☮




 
joão ;
estava a chover. eu adorava ver londres, principalmente quando chovia. já estava lá á quase meio-ano com a minha irmã, mas quando via uma paisagem daquelas, era como se fosse a primeira vez que lá estivesse a ver a chuva naquela cidade.
estávamos ambos, eu e a minha irmã, a tirar um curso. a patrícia de psicologia, e eu de música. viemos para londres, porque apesar de haver boas universidades em portugal, temos que admitir que em londres, tudo é melhor.
a casa onde eu vivia, encontrava-se bem no centro da cidade; era um piso de um prédio construído a alguns anos, numa zona comercial. eu até que gostava da casa, tinha uma vista óptima, pagávamos pouco ao condomínio, e acima de tudo, os meus país não estavam lá.
eu estava sentado no sofá, sonolento, enquanto olhava atentamente para as gostas de chuva que pareciam trespassar o vidro da janela, e a patrícia? andava a correr de um lado para o outro.

patrícia: estão a chegar, estão a chegar !
eu: quem ? – disse, surpreendido.
patrícia: não me digas que te esqueces-te – arqueou a sobrancelha – os inquilinos !
eu: calma, revoltada … eu sabia …
patrícia: disfarça, disfarça – soltou uma gargalhada.
eu: e eles vêm quando ?
patrícia: não sei, do tipo, agora ?!

a patrícia era um pouco mais pequena que eu, apesar de ser a irmã mais velha. tinha repas, e uma personalidade forte. era sempre calma, e perfeccionista, e por vezes, chateava-se assério por não conseguir os seus objectivos.

eu: patrícia, são apenas estudantes – abracei-a – pessoas como nós.
patrícia: sim, eu sei, mas quero causar boa impressão.
eu: irmã, estás comigo, sabes que isso é impossível – pisquei o olho.
patrícia: sim, mas não custa nada tentar – sorriu – vais-me ajudar ou não?

concordei. começamos a limpar, quer dizer, a patrícia começou, eu apenas estava atrás dela, e quando ela se virava, eu fazia de conta que ajudava.

eu: acho que está tudo – fingi estar cansado.
patrícia: sim, finalmente está tudo prefeito – suspirou de alívio – agora só nos resta esperar.
eu: espero que não demorem muito, estou cá com um sono.
patrícia: até parece que fizeste alguma coisa, irmãozinho. – disse, num tom irónico.

até parece que me ouviram, pois mal disse aquilo, a cãmpanhia tocou: os inquilinos tinham finalmente chegado.

patrícia: joão, levanta-te – puxou-me do sofá – e arranja esse cabelo.
eu: ey, o cabelo está bom assim mãe – ri-me – naturalmente despenteado.
patrícia: naturalmente?
eu: esquece.
patrícia: és tão convencido – disse, abanando a cabeça.
eu: prefiro realista – bati-lhe levemente nas costas .

a patrícia dirigiu-se á porta, e eu fui atrás dela, quase a calcar-lhe os calcanhares. admito que estava nervoso, quer dizer, iria passar um ano na mesma casa com dois desconhecidos, e a minha irmã controladora, é claro que estava nervoso .
voltaram a tocar á cãmpanhia, e patrícia gritou ‘já vai’, enquanto penteava a repa, que esta cuidava com bastante orgulho.

eu: ó, abre lá – empurrei-a levemente pelos ombros.
patrícia: já vai, já vai …

ela rodou a maçaneta da porta devagar, e empurrou-a lentamente. de imediato, apareceram duas pessoas completamente estranhas aos meus olhos, os novos inquilinos !
quer dizer, o inquilino e a inquilina .
alex: olá – disse com um sorriso tímido, enquanto remexia no cabelo húmido provocado pela chuva – eu sou o alexandre.
patrícia: ó meus deus – disse, completamente vermelha.
eu: há ?
patrícia: quer dizer, olá – remexeu também, no cabelo – olá .
joão: entrem – disse, fazendo um gesto para entrarem, enquanto ouvia a chuva cair cada vez mais depressa e com maior intensidade.
ouvi uma voz a agradecer de imediato, por os ter convidado a entrar. quando ouvi aquela voz de rapariga, debrucei-me sobre a patrícia para conseguir ver a portadora da ‘tal’ voz, visto que ela estava atrás do rapaz que acabaram de chegar a nossa casa.
ela quando me viu, sorriu, e eu retribui-lhe o sorriso da mesma maneira doce. era a rapariga mais linda que eu já tinha visto em toda a minha vida ! *-*


patrícia ;
perfeito. estava a chover. o que mais é que poderia correr mal? haver uma tempestade e levar-me a casa pelos ares? não, estamos em londres, por amor de deus, isso aqui não acontece. eu andava de um lado para o outro dentro da casa, observando de esguelha o meu irmão. ele seguia todos os meus movimentos com o olhar. vamos admitir, para meu irmão mais novo, ele era mais alto que eu e não era nada parecido comigo em termos físicos. tinha o cabelo de um tom castanho claro, uns olhos castanhos a fugir para os verdes. ele era confiante, era mais confiante do que eu. era também muito descontraído, como se não se passa-se nada à volta dele.
 
eu:
tão a chegar, estou a chegar – disse, a andar de um lado para o outro atarefada.
joão: quem ? – boa, ele tinha-se esquecido. que mais faltava?
eu: não me digas que esqueces-te – cruzei os braços e arquei a sobrancelha – os inquilinos !
joão: calma, revoltada … eu sabia … - tentou disfarçar .
eu: disfarça, disfarça – não conseguir conter uma gargalhada.
joão: e eles vêm quando ? – levantou o olhar.
eu: não sei, do tipo, agora ?! – disse aquilo bastante alto.

a verdade é que aquilo assustava-me muito; novas pessoas iriam morar comigo. desconhecidos. e se eles fossem ricos e tivessem a mania que são bons? ou então se forem arrogantes? ou traficantes? oquei, estou a exagerar, mas pode acontecer, sabes ?

joão: patrícia, são apenas estudantes – abraçou, tranquilizando-me – pessoas como nós.
eu: sim, eu sei, mas quero causar boa impressão.
joão: irmã, estás comigo, sabes que isso é impossível – ele é muito irónico; ás vezes até de mais.
eu: sim, mas não custa nada tentar – sorri – vais-me ajudar ou não?
ele concordou, só para me tranquilizar novamente. sabia como é que eu era, e também sabia que se eu tratasse de tudo sozinha, provavelmente daria em maluca, como sempre.

joão: parece que está tudo – sentou-se brutamente no sofá, fingindo estar cansado (sim, reparei que ele não tinha feito nada.
eu: sim, finalmente está tudo prefeito – suspirei, aliviada e exausta – agora só nos resta esperar.
joão: espero que não demorem muito, estou cá com um sono – disse, bochechando .
eu: até parece que fizeste alguma coisa, irmãozinho. – disse, num tom irónico para ver como reagia.

mal o joão acabou de terminar a frase, tocou a campainha. foi ai que entrei em pânico; era agora !
estava pronta? não, nem por isso; mas ao menos podia disfarçar .

eu: levanta-te – puxei o joão do sofá, com tanta força que caiu – e arranja esse cabelo.
joão: ey, o cabelo está bom assim mãe – riu-se – naturalmente despenteado.
eu: naturalmente? – arqueei a sobrancelha e pus as mãos nas ancas.
joão: esquece. – pós a mão á cabeça.
eu: és tão convencido, irmãozinho. – abanei a cabeça e soltei um sorriso.

e a verdade é que era. quer dizer, não é que seja convencido, era mais … seguro de si mesmo e do que se passava á minha volta (ao contrário de mim).

dirigi-me á porta, e o joão ia atrás de mim. eu poderia estar nervosa, mas ele? também estava.
voltaram a tocar, e eu voltei a arranjar o cabelo, que por muito que o penteasse, fica sempre mal; que sorte.
gritei um ‘já vai’ suficientemente alto, para eles ouvirem.  bem, era agora ou nunca. dei uma espreitadela rápida ao espelho para ver como estava o meu cabelo e vi o olhar do joão a cruzar com o meu.
abri a porta. dela apareceram duas pessoas, dois desconhecidos.


alex: olá – sorriu suavemente, enquanto remexia no cabelo – eu sou o alexandre.
ó meu deus! era um rapaz. um rapaz lindo. era o rapaz mais lindo que já alguma vez eu tinha visto em toda a minha vida. quando ele me viu, lançou-me um sorriso tímido enquanto remexia no cabelo húmido e rebelde. eu não sei porque é que tive esta reacção, mas que ele me deixou de boca aberta, deixou.


eu
: ó meus deus – corei por completo, de certeza.

todos ficaram a olhar para mim, e juro que ouvi um ‘há?’ da boca do joão. acho que dei muito nas vistas, não? mas então, dêem-me um desconto, eu apaixonei-me naquele momento .

eu: quer dizer, olá – tentei disfarçar – olá .
joão: entrem – disse, fazendo um gesto para entrarem, enquanto ouvia a chuva cair cada vez mais depressa e com maior intensidade.
um obrigado ouviu-se, mas agora não tinha sido do rapaz perfeito. foi uma rapariga. há, ela era a segunda estranha. bem, ela também era pequena, mas eu era mais baixa que ela. tinha um cabelo comprido e sedoso, como se tivesse passado a tarde inteira a escova-lo, provavelmente, até tinha sido isso mesmo. ouvi um “uau” atrás de mim e pelo espelho vi a cara do joão a abrir-se num sorriso. parece que não tinha sido a única a não conseguir controlar-me.

catarina: eu sou a catarina. – disse, numa voz melódica e suave.

soltei um risinho e quando ele finalmente desviou os olhos da rapariga olhou para mim. haha, ele tinha sentido a mesma coisa que eu quando vi o desconhecido. voltei a olhar para o alexandre. ele observava-me. e sorria. quem disse que conhecer pessoas novas era mau?

continua .